sexta-feira, agosto 06, 2010

Dialogando com o nosso Rio!... ( Parte 4 )

Na última abordagem ao nosso rio, notamos que não estaria muito bem disposto, um pouco de pé atrás, talvez, mas fiquei logo esclarecido quando quebrou o silêncio:

«Queria começar por vos dizer, que sei que estais muito interessado em conhecer as minhas memórias, porque sabeis, ou imaginais, que terei muito para vos contar e até creio que não devo estar enganado, se disser que estareis mais interessados nas novidades actuais, nessas fofoquices que duma forma ou de outra se dizem, aqui e acolá, que nós rios nem apreciamos, embora estejamos sempre por aqui, e, nem fomos achados para nada, habituamo-nos a saber conviver com todas as criaturas, humanos e outras, porque sabemos que temos a cumprir com o nosso grande objectivo, e, que, custe o que custar, ninguém nos irá impedir de completar o ciclo da água, que no nosso caso, será trazer o nosso curso de água desde a nascente à foz, aqui junto desta linda aldeia de Pedorido!
O nosso rio maior, nosso respeitável pai, saberá dar continuidade ao que nós iniciamos e sempre o fez com toda a dignidade, levando as nossas águas e de outros até aos braços do mar Atlântico e nós gostaríamos, que, as gentes ribeirinhas de que fazeis parte soubessem mais a nosso respeito, porque temos uma grande experiência de vida e não tendo uma inteligência à vossa altura, estamos fartos de saber que grande parte das vossas gentes mal nos conhece, e, nós sentimos uma espécie de tristeza, que não é igual à vossa, mas que é muito sofrida, embora se confunda com as nossas águas, e, será por isso, que vocês nem darão pelo fenómeno!... Essa espécie de amargura - podeis tomar nota - reside no facto de termos a noção de ser um rio pequeno, que mal vem nos manuais e dá a sensação que contamos pouco, por isso mesmo, por ser pequeno e provinciano, talvez!...
Ora, gostaríamos, que as coisas não fossem assim e que todos os habitantes desta linda aldeia de Pedorido soubessem, que começamos a nossa caminhada ali bem perto da bela vila de Arouca com um pequeno caudal inicial, passamos por algumas pequenas povoações, bem no interior do país e ao fim de quarenta quilómetros, já com um caudal que não "envergonha", chegamos aqui à foz nesta vossa linda aldeia, que nos dá a visibilidade merecida!
Porque fizestes jus ao nosso pedido, ficamos a partir de agora sempre disponível para trocarmos saberes, experiências, recordações, todo o tipo de recordações, das mais antigas às mais recentes, e, digo-vos já, que, vocês os humanos, quando querem até são fixes e não vemos razão para que deixem de o ser!... » ( Continua )

-Um grande abraço para Pedorido e toda a bacia do Arda!

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